Todos os dias, um velhinho, já bem corcunda devido ao peso da idade, era obrigado a carregar um enorme feixe de lenha.
Isso mesmo: Ele era obrigado e não gostava nem um pouco de fazer isso. Exatamente por esse motivo reclamava o tempo todo.
Falava muito, praguejava, chutava o feixe antes de o colocar nas costas.
Mas depois, inconformado, sem outra saída, carregava a lenha.
Um dia, entretanto, decidido a acabar com essa situação vexatória, achou que devia morrer.
Então, gritou:
-Vem, ó Morte! Vem me buscar, ingrata! Tu que andas pelo mundo a ceifar criancinhas inocentes, em vez de fazer isso, vem me buscar!
E acrescentou:
-Leva logo esse velho que está cansado de viver e não quer mais trabalhar!
É claro que ele disse isso tudo sem ter a menor intenção de que a Morte realmente viesse.
Só que, para a ingrata surpresa dele, a Morte apareceu. Estalando os ossos e acendendo os olhos com faíscas parecendo brasa, disse ao homem:
-Chamaaasteee-me, aqui estooou.
Ao ouvir a voz trêmula e ameçadora da Morte, o homem sentiu um ligeiro tremor no corpo, um calafrio, indescritível.
Porém, depois de um certo tempo, encheu-se de coragem; isto é, estufou o corpo e se recompôs.
Olhou com seriedade para a caveira que estava trêmula à frente dele e disse:
- Chamei-te sim, ó Morte! Mas para me ajudar a colocar o feixe de lenha nas costas.
“Por mais que o trabalho seja pesado e cansativo, mais vale procurar outro mais leve e deixá-lo. Em vez de querer destruir a vida.”